Números divulgados pelo governo são referentes a 2014
Francisco Paiva Junior
O CDC (Centro de Controle de Doenças e Prevenção do governo dos EUA) divulgou dia 26/abril/2018 a atualização dos números de prevalência de autismo nos Estados Unidos: 1 para cada 59 crianças. O número anterior era de 1 para cada 68 (referentes aos anos de 2010 e 2012) — um aumento de 15%. O órgão, porém, alerta para a variação desses números dentro do próprio país (números maiores foram encontrados onde os pesquisadores tinham acesso a mais registros escolares).
Os números continuam mostrando que a incidência em meninos é quatro vezes maior que em meninas e não varia de acordo com grupos étnicos, raciais ou socioeconômicos. Foram pesquisados 11 diferentes locais, com registros de hospitais e de escolas, considerando apenas crianças nascidas em 2006 — considera-se apenas criança com 8 anos de idade para se minimizar possíveis enganos de diagnóstico. Nos Estados Unidos crianças são diagnosticadas com autismo, em média, após os 4 anos de idade. No Brasil não temos números a respeito disso.
Estudos na Ásia, Europa e América do Norte dão conta de números entre 1% (1 para cada 100) e 2% (1 para cada 50) com autismo, ou Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) — uma síndrome que afeta a comunicação, socialização e comportamento.
Números alarmantes
As principais conclusões deste nova pesquisa:
* Nos EUA, 1 em 59 crianças teve um diagnóstico de autismo aos 8 anos em 2014, um aumento de 15% em relação aos números de 2012.
* As taxas estimadas variaram de 1 em 34 a 1 em 77. “Isso sugere que a nova estimativa de prevalência nacional de 1 em 59 ainda reflete uma significativa baixa prevalência real do autismo. E sem mais e melhor pesquisa, não podemos saber quanto mais alto realmente é”, diz a Autism Speaks.
* A diferença de gênero no autismo diminuiu. Enquanto os meninos foram 4 vezes mais propensos a serem diagnosticados do que as meninas (1 em 37 versus 1 em 151) em 2014, a diferença foi menor do que em 2012, quando os meninos foram 4,5 vezes mais diagnosticados que as meninas. Isso parece refletir um melhor diagnóstico de autismo em meninas — muitas das quais não se encaixam no quadro estereotipado do autismo observado em meninos.
* Nos EUA, as crianças brancas ainda eram mais propensas a serem diagnosticadas com autismo do que as crianças de minorias. No entanto, a diferença étnica diminuiu desde 2012, particularmente entre crianças negras e brancas. Isso parece refletir uma maior conscientização e triagem em comunidades minoritárias. No entanto, o diagnóstico de autismo entre crianças hispânicas ainda é significativamente inferior ao das crianças não hispânicas.
* Lamentavelmente, o relatório não encontrou nenhuma diminuição geral na idade do diagnóstico nos EUA. Em 2014, a maioria das crianças ainda estava sendo diagnosticada após os 4 anos de idade, embora o autismo possa ser diagnosticado (ou ao menos levantar-se a suspeita e iniciar o tratamento) já aos 2 anos de idade. Diagnósticos anteriores são cruciais porque a intervenção precoce oferece a melhor oportunidade para apoiar o desenvolvimento saudável e proporcionar benefícios ao longo da vida.
Outras descobertas
* O novo relatório descobriu que novos critérios diagnósticos para o autismo adotados em 2013 (DSM-5, a mais atualizada versão do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais ) fizeram apenas uma pequena diferença nas estimativas de prevalência. A prevalência de autismo foi ligeiramente maior (4%) com base na definição de autismo mais antiga (DSM-IV) em comparação com o DSM-5. Os futuros relatórios de prevalência serão baseados inteiramente nos critérios do DSM-5 para o autismo e fornecerão números melhores a respeito do impacto dessa mudança.
* Os Estados Unidos ainda não têm nenhuma estimativa confiável da prevalência do autismo entre adultos. Como o autismo é uma condição vitalícia para a maioria das pessoas, isso representa uma lacuna inaceitável em nossa consciência de suas necessidades – particularmente em áreas como emprego, moradia e inclusão social. A cada ano, cerca de 50 mil adolescentes com autismo envelhecem nos serviços escolares dos EUA.
(Com informações do CDC e da ONG Autism Speaks dos EUA)
MAIS INFORMAÇÕES:
- Pesquisa completa do CDC: https://www.cdc.gov/mmwr/volumes/67/ss/ss6706a1.htm
- Texto da ONG Autism Speaks sobre os novos números (em inglês): https://www.autismspeaks.org/science/science-news/cdc-increases-estimate-autism’s-prevalence-15-percent-1-59-children
- Versão traduzida do texto da ONG Autism Speaks: versão automaticamente traduzida pelo pelo Google Tradutor
- Mais estudos, de outros países, sobre prevalência de autismo (PDF): https://www.cdc.gov/ncbddd/autism/documents/ASDPrevalenceDataTable2016.pdf
- Estatísticas do CDC dos EUA sobre autismo desde o ano 2000: https://www.cdc.gov/ncbddd/autism/data.html
- Texto da ONU de 2010 citando 70 milhões de autistas (~1%) no mundo: http://www.un.org/apps/news/story.asp?NewsID=34272#.WNtOnRiZPVo
- Estudo de prevalência de autismo no Brasil (Universidade Presbiteriana Mackenzie): http://tede.mackenzie.br/jspui/handle/tede/1671