Pensar e não escrever é como guardar uma lâmpada sob uma caixa, privando todos de sua luz.
Não consigo não pensar. Não consigo não escrever o que penso. Não consigo colocar a caixa sobre a lâmpada. Não expressar o que se pensa é guardar para si algo que ao ser compartilhado não se divide, se multiplica: o saber.
Ainda que saiba quase nada, tenho que escrever, que multiplicar, que iluminar — ainda que seja como um único fósforo. Ao menos para retribuir o muito que aprendo, o muito que sou iluminado pelos que me cercam, pelos que leio.
Escrevo para construir uma pequenina obra, para seguir o conselho de Mário Quintana, cuja frase deixou recomendada para gravar em sua lápide: “Eu não estou aqui…“. E não está mesmo, está em suas obras, multiplicando… e iluminando ainda.